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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Reticencias...




Curiosa manhã

 



 O sol acordou sorrindo e apontou logo cedo, seus raios sobre mim...

Balbuciei um sorriso sonolento e retribuí seu gracejo com uma piscadela desajeitada
Afinal hoje é domingo e dou-me a folga de espreguiçar sem pudor.

Sentada na cadeira de balanço, encolhida, porém atenta, Pandora olhava,
Olhava o jardim como se quisesse abraça-lo com aqueles olhos gulosos
Segui seu olhar e passei a contemplar aquela riqueza de cores e silêncios.

De repente, um farfalhar de folhas...
Pandora mexeu-se, movendo as orelhas pontiagudas
Um breve e contido ronronar projetou-se lhe as narinas.

Como quem quisesse apanhar algo, mas sem a menor pressa
Pandora levantou-se dali num salto lento, esguio e reluzente
Parecendo uma guardiã à postos, andava ao redor do alambrado de ramos verdes.

Inesperadamente, um bater de asas sobrevoou nossas cabeças
Movendo nosso olhar para o alto, seguindo aquele traçado mágico
Em festivas manobras, atravessou o lago e pousou numa árvore.

...
Desoladas, permanecemos paradas e como que combinássemos
Suspiramos enfadadas junto ao ar abafado daquela curiosa manhã.


Em meu pensar principiavam inquietações acerca da natureza das coisas
Pandora porém, não se alterava, parecia compreender perfeitamente o mundo
Laçou-me um olhar meigo, esticou-se, roçando sua cauda em meu vestido.


Ambas entramos pela ampla varanda contornando até a cozinha,
O cheiro do café e do pão tostado era insistentemente convidativo
Contrapondo ao aroma cítrico e fresco dos quintais úmidos e férteis.

A brisa leve e sedutora, enunciava a magia das essências tropicais dispersas ao redor
O Sol agora imponente, adentrava as portas e janelas, iluminando o espaço e a mesa posta
Aquecendo as vidraças, as soleiras e as horas deste plácido dia.


Maria Alida, 
Julho/2015

domingo, 19 de julho de 2015

Memórias





Escrevi para minha mãe um poema, lá em 2009, no Dia das Mães...quando ela ainda estava conosco e postei aqui no meu Blog. Seu nome? Maria Olívia!!!

No final de 2011, na noite de Natal ela partiu aos 92 anos de pura serenidade e sabedoria; uma vida longa de dedicação à família (10 filhos...), ao trabalho e a quem precisasse dela. Costurava em sua máquina de pedal... cultivava a terra e a todos!  Com natural maestria e dedicação fazia gostosuras na cozinha..., Cantarolava músicas ingênuas como: “Que beijinho doce...ou encosta sua cabecinha no meu ombro e chora...”. Eu amava vê-la assim, Feliz da vida!!

Minha mãe não tinha leitura e nem escrita; mas sabia ler o mundo, sabia ler as pessoas, sabia ouvi-las e a cada um ou a cada situação... tinha sempre uma boa palavra.

Quando éramos crianças e chovia muito, minha mãe cobria sua velha máquina de costura e reunia a criançada pra contar causos de fantasmas ou do folclore como o “Negrinho do pastoreio”, ... ou “Pedro Malasarte” (aquele que fazia a sopa de pedras...) entre outras histórias. Sempre ríamos! Tinha também os preferidos que era falar sobre os profetas e santos da Bíblia. Ficávamos ali sentados ao seu redor, meio hipnotizados...sem o menor gesto de que aquele momento mágico terminasse. Quando a chuva passava, retomávamos nossas pequenas tarefas.

A pedagogia de minha mãe era rica de recursos...e alguns “paradidáticos,” da época é claro, como uma varinha de marmelo estrategicamente colocada à porta da cozinha sobre o fogão de lenha...Que servia mais como um símbolo contra as nossas travessuras do que um instrumento de castigo propriamente dito, porque a nós, bastava seu olhar, quão imenso era o respeito que lhe tínhamos.
Na velhice, continuou presença forte e admirável vitalidade, a contar causos e a recordar a vida!! Adorava a presença dos filhos, noras, genros, netos e bisnetos...que povoavam e alegravam a casa. Pessoa rara...foi minha mãe... Meu maior exemplo!! ´

(M. Alida, Julho,2015)

(Por que registro estas lembranças?? Talvez seja uma forma de homenagem à quem passou por esta vida só fazendo o bem!! E também, principalmente, seja uma forma de eternizar sua memória na família a qual ela deixou incontáveis ensinamentos de amor !!)

Eis o poema


Domingo, 10 de maio de 2009

...falando em amor...

Hoje, pensei escrever sobre o Amor...
E, uma só imagem me veio... Imagens como num turbilhão de cores.
Me vi menina, descalça, cabelos desalinhados pelo vento, vestido puído, franzido na cintura... No quintal de casa a te olhar! Curiosa, te observava. Na tua lida de todas as manhãs...de todas as tardes. Seu dia começava, estava escuro, antes mesmo da canção de saudação dos pássaros ao amanhecer. Mãe, queria te dizer tantas coisas hoje, na verdade, eu queria mesmo, era estar agora te abraçando, te fazendo um carinho...
Relembrando um tempo em que te dávamos muito trabalho. Porque tinhas que nos proteger e educar pra vida! Que tarefa, hein mãe!!!
A vida, nos carrega pra longe de quem mais desejamos estar perto! E, não sei bem porquê, é que aceitamos! Deve ser por julgarmos
controladores do tempo; e que dele podemos dispor segundo a nossa vontade.
Mas isso é ilusão, pois o Tempo é livre, solto, e quem tentar detê-lo
terá que empregá-lo com sabedoria. Assim como você fez e ainda faz
aos seus 90 anos!!!
Mãe! Como diz a eterna canção do poeta... "Você é a Coisa mais Linda"!!!
A obra mais perfeita na criação divina!!!

Amo você, mãe!!! Super abraços e beijos com muito carinho!

Postado por maria alida às 03:39

Marcadores: amor, gratidão, saudades...